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Artigo de Opinião - Bastonário da Ordem Revisores Oficiais de Contas

 

Transparência precisa-se

Muito se tem dito e escrito nos últimos tempos a propósito da transparência, nomeadamente a que diz respeito ao exercício de cargos públicos, e acerca da necessidade de fazer reformas profundas na justiça, de forma a que as ações de quem desempenha estes cargos sejam facilmente escrutináveis e estejam ao alcance de todos os cidadãos.

Enquanto os protagonistas políticos anunciam várias medidas para esta área - umas mais ambiciosas que outras -os casos de falta de transparência sucedem-se eacabam por manchar a atividade de organizações públicas e privadas, e os indicadores das instituições europeias e dos rankings internacionais nesta matéria continuam a deteriorar-se de forma assustadora.

O tempo urge e a paciência dos portugueses vai-se esgotando, pelo que todos temos que nos mobilizar para resolver esta chaga aberta na nossa sociedade. Aquilo que nos é pedido neste momento, mais do que grandes planos, estratégias ou pactos - normalmente cheios de boas intenções - é ação! Ação e prevenção, sobretudo numa altura em que Portugal espera a maior injeção de fundos europeus de sempre, desde que o país aderiu à União Europeia. Convém não esquecer que estão em cima da mesacerca de 50 mil milhões de euros a fundo perdido nos próximos sete anos (2021-2027), pelo que ninguém nos perdoaria se não aplicássemos estas verbas de forma a reforçar a nossa competitividade e produtividade, bem como a coesão territorial, económica e social.

Nesse sentido,nenhum setor da sociedade se pode furtar às suas responsabilidades, sendo que há profissões, que pela natureza das funções que desempenham, como é o caso dos Revisores Oficiais de Contas (ROC), têm um contributo fundamental a dar para garantir a confiança e a transparência da informação financeira tanto do setor privado como do público.Não só pela competência legal que têm para rever a contabilidade e auditar contas e serviços de entidades e organizações públicas e privadas, como pela responsabilidade na certificação legal dessas mesmas contas. Com efeito,podeme devem desempenhar um papel essencialna fiscalização da aplicação destes fundos, em conjunto com as entidades públicas, no sentido de prevenir desvios e evitar a sua má aplicação.

O compromisso da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas com a transparência está na sua génese e é intrínseco à sua essência, sendo esse um desígnio que não vamos deixar cair, sobretudo numa altura como esta, em que todos somos poucos para ajudar a recuperar o país e o seu tecido económico tão afetado por esta pandemia.

É esse rigor e essa transparência que são exigidos na fiscalização dos avultados investimentos que serão realizados nos próximos anos na nossa economia, e é uma missão para a qual os Revisores Oficiais de Contas estão especialmente preparados.

In jornal Público

https://www.publico.pt/2021/05/10/opiniao/noticia/transparencia-precisase-1961586